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Condição de vida

Dirlene Silva

A Flávia… e a Carolina

Carolina Danieletto

Você usaria essa caneca no trabalho?

Na época que eu estava na Riot Games nasceu uma outra grande paixão da minha vida, que é um coletivo que eu criei junto com mais outro amigo, chamado Caneca na Mesa. O Caneca na Mesa é um coletivo LGBTQIA+, focado em ajudar profissionais a serem eles mesmos, no ambiente de trabalho. Nós temos uma caneca, que é o símbolo, a caneca tem o arco-íris desenhado em volta dela e a pergunta que a gente faz para toda pessoa que a gente encontra é: “Você usaria essa caneca no trabalho?”. Quando a pessoa responde que sim, ótimo, significa que ela não tem nenhum medo de ser ela: gay, lésbica, trans, o que for, no trabalho. Mas a grande maioria das pessoas responde que não. “Por que não?”. “Porque meu chefe não sabe que eu sou gay, ou eu não sou assumido na empresa, ou eu não quero ‘virar piada’, ou eu estou próximo de uma promoção, não quero correr risco de não ser promovido porque sou lésbica, gay, trans, bi”.

Márcio Orlandi Júnior

Rede de apoio

Wilson Diniz

Respeito pra mim é a palavra chave

Guilherme Gobato

O que acontece? Qual é a dor?

O mercado financeiro ainda está caminhando para o seu melhor momento de diversidade. Para você ter uma ideia, quando eu entrei no banco, eu era a única mulher gerente executiva. Então, quer dizer, eu olho para trás, às vezes, e falo: “Nossa, olha o quanto a gente alcançou! Já somos 34% da liderança feminina”. A gente saiu da menor nota de diversidade para a maior nota do mercado financeiro. Hoje a gente virou a terceira melhor instituição financeira para uma mulher trabalhar, mas tudo isso com processo e com escuta. A gente sempre se pergunta: o que acontece? Qual é a dor? Vamos criar um grupo sobre esse assunto porque, se eu não estou nesse lugar de fala, eu não sinto a dor, e se eu não sinto a dor, eu não posso ajudar.

Camila Corá

Direito a ter expectativas

Alexon Fernandes

O ponto mais importante é a independência

Ivandro Heckler

Eu quero ser esse espelho

Eu lembro da época da faculdade, quando eu pegava lá os meus ônibus, andava, subia e descia, eu via revistas, muitas revistas. E quando eu olhava para as bancas, nas revistas de negócios, normalmente eu via aquele mesmo estereótipo de homens brancos, grisalhos, mais velhos, de famílias ricas, com sobrenomes estrangeiros, falando de negócios e tal. E eu via muito, acompanhava muito a Forbes, na época, onde estavam os maiores CEOs e os jovens mais disruptivos e eu ficava com aquela sensação de: “Caramba! Eu quero, um dia, estar na Forbes. Eu quero, um dia, representar isso também”. E final de 2020 eu fui indicada para a lista da Forbes Under Thirty. E eu lembro que... eu nem consigo descrever. Eu falo até hoje que não é pela Forbes ou pela lista, mas foi muito pela sensação de que eu estava conseguindo avançar em prol daquilo que eu acreditava, em prol dessa maior representatividade. E que o lugar que um dia, que eu nunca imaginava que poderia estar, eu estava conseguindo ocupar. Porque eu quero que outras jovens universitárias vejam aquela capa e percebam. “Eu vou empreender, vou abrir o meu negócio, vou ser uma alta executiva, porque é possível. Tem uma outra menina negra ali. Ó, que coisa boa!” Parece que não, mas a representatividade é sobre isso, é espelho. Se você não se vê nos lugares, você nem consegue se colocar ali. E eu quero ser mais ‘espelho’.

Bia Santos

Diversidade de pensamentos

Carlos Eduardo

A inclusão social é processo que não tem volta

Juliane Assis

Você é o dono? Como assim?

No mercado de comunicação teve situações que as pessoas falavam assim: “Você é dono da agência? Como assim?” Eu ouvia isso de muito cliente, fui para muitas concorrências e o cara decidir fechar negócio com um cara branco e não fechar comigo, por causa da minha cor e até porque eu tinha material e provas materiais de que meu trabalho é muito bom, minha entrega muito boa. Então, tive reuniões em que caras faziam questão de ir à garagem do prédio para ver o carro que eu estava usando: “Esse cara é dono da agência mesmo? Eu quero saber o carro que ele tem!”. O mercado é muito excludente, e para entrar nesse ‘clube do Bolinha’, eu tive que hackear muito sistema para ter acesso, para construir, para fazer isso de uma forma muito silenciosa, quando as pessoas percebessem, elas olhassem: “Pô, o cara fez todo o negócio”. Então, também tive que ter inteligência emocional para saber lidar com o racismo, e eu utilizo isso até hoje.

Sergio All

Existo para além do diagnóstico

Milca da Silva

Encontrar um caminho no meio do impossível

Danielle Torres

Um dia melhor do que o outro

Eu trabalho promovendo a diversidade dentro da empresa. A gente sempre vai ter os aliados, mas a gente também vai encontrar as resistências, porque a mudança gera incômodo. Então, até falando mais sobre a minha causa, que eu tenho mais ligação, que é a pauta racial, falar disso: a população negra é 56% e a gente só tem 5% aqui ou 10%, no máximo, da estrutura inteira de uma empresa, e aí, quando você vai ver, na alta liderança tem menos de 1%. É gritante você falar disso, e aí as pessoas que estão nesses lugares de privilégio não querem falar disso, porque vai ‘tocar’ nos privilégios. Então, é um ambiente que eu sei que eu tenho um longo caminho, a gente está construindo juntos. Eu acho que toda nossa sociedade ainda tem um caminho longo. A gente vai precisar lidar com isso, vai precisar mudar. É como eu sempre brinco, lá dentro: “A gente não vai fazer uma revolução. Calma, eu não vou fazer uma revolução aqui dentro, mas a gente precisa ter uma constância, atitudes todo dia, para que um dia seja melhor do que o outro”.

Adriana Alves

Qual é o meu legado?

Gilberto de Lima

Diversidade e inclusão é também para incomodar

Alexandre Kiyohara

Verdades no plural

A gente tem uma tentativa ao máximo de impor verdade sobre as outras pessoas e não entende que o mundo é feito de verdades no plural. Cada um tem a sua verdade ou a sua não verdade e está tudo bem. E que o mundo não parte de um lugar só e se fosse partir de um único lugar, o mundo estaria partindo do continente africano, que é o lugar mais antigo onde há o entendimento de vida humana. Então, a gente precisa entender de outras cosmovisões... O mundo oriental ele é tão rico quanto o que acham que é o mundo da iluminação do ocidente. A cosmovisão africana é milenar e a gente tem aí milhares de séculos antes de filosofia, antes de qualquer filosofia ou mitologia grega ou romana. Então, que a gente explore e transpasse novas possibilidades de entendimento, de verdades e de cosmovisões, porque é na partilha que a gente vai para abundância, não é na ditadura do que é certo e errado. Nós somos plurais e isso é ótimo. Ser igual é que é muito chato.

Nina Silva